Qual sua comida favorita? Seu tipo de música preferido? Sua profissão? Informações como essas agora constam no prontuário de pacientes em tratamento contra a Covid-19 no hospital de campanha montado pelo Amaral Carvalho, em Jaú. É o chamado “Prontuário Afetivo”, que destaca as preferências de cada pessoa internada e cria uma relação de maior cumplicidade com a equipe médica.
Os pacientes com Covid não têm direito a um acompanhante, por se tratar de doença contagiosa. “O processo de hospitalização fragiliza as pessoas, que acabam deixando de lado seus desejos pessoais. Muitas vezes, num leito de hospital, o indivíduo só se relaciona à doença. Com esse projeto, ampliamos essa visão. Ali, estão pessoas que amam e são amadas, que têm vontades e necessidades além dos cuidados com a saúde”, destaca o psicólogo Rodrigo Candido.
A ideia é propor uma reflexão interna aos pacientes, resgatar suas memórias e destacar aspectos positivos da sua vida. A prática foi inserida na rotina do Centro de Combate à Covid, mantido pelo HAC, há pouco mais de uma semana e traz resultados expressivos. “É emocionante, divertido e traz uma leveza ao ambiente. Naquele momento, o paciente esquece que está internado e começa a se lembrar de suas experiências”, comenta a assistente social Priscila Castelo.
Com o “Prontuário Afetivo”, as equipes de enfermagem, por exemplo, passam a chamar os pacientes pelo apelido e aumentam a interação com eles. Além dessa iniciativa, outros instrumentos de humanização foram implementados na rotina hospitalar, como a régua de orientação temporal, que indica o período do dia (manhã, tarde e noite), e as fotos e bilhetes de familiares, que são colados no leito do paciente.