Não era só um domingo de futebol. Depois de nove anos na terceira divisão do Paulista (Série A-3) e do trauma sofrido em 2005, quando deixou o acesso escapar com um gol sofrido no último minuto, era o momento da redenção para o XV de Jaú: 21 de maio de 2006, o dia em que o Galo venceu a Ferroviária em Araraquara e conquistou um acesso pela última vez.
A data foi lembrada essa semana e os grupos de Whatsapp viralizaram a transmissão da partida, feita pela TV Local (veja link abaixo). O vídeo reaviva a esperança do torcedor, na expectativa de novos momentos de emoção, já que atualmente o clube está na quarta divisão. Derrotada naquela ocasião, a Ferroviária se reorganizou, profissionalizou todos os departamentos e hoje é um dos maiores times do estado.
Na mesma moeda
Em 2005, o XV havia feito sua melhor campanha na Série A-3. Impecável ao longo de todo o campeonato, chegou ao último jogo precisando apenas de um empate, em casa, contra o Rio Claro. O Galo já havia colecionado vitórias contra o mesmo adversário dentro da competição. Estádio Zezinho Magalhães lotado e 1 x 1 no placar até os acréscimos do segundo tempo, quando Luciano Gigante fez o segundo gol dos visitantes e silenciou o Jausão.
No ano seguinte, a empolgação já não era tão grande e a campanha foi cheia de altos e baixos. Após um início ruim no campeonato, reforços foram contratados e o Galo chegou à fase final. No grupo, quatro equipes jogavam entre si e as duas melhores garantiam o acesso. A primeira posição ficou com o São José, que chegou à última rodada como líder, venceu a Santacruzense, e se garantiu.
Dessa forma, XV de Jaú e Ferroviária disputavam diretamente a outra vaga de acesso à Série A-2. A situação era muito parecida com a do ano anterior, mas às avessas: dessa vez, o XV era o visitante azarão, enfrentando um favorito, que só precisava de um empate, na casa dele e com estádio cheio. Centenas de torcedores quinzeanos foram até Araraquara, mesmo desconfiados, mas não se arrependeram.
Depois de um primeiro tempo equilibrado, mas sem muita intensidade, o jogo pegou fogo na etapa final. Logo aos dois minutos, um chutão da defesa serviu como lançamento para Paulinho, que recebeu nas costas da defesa, dominou de cabeça e chutou meio travado. A bola, quicando lentamente, passou pelo goleiro e morreu no fundo das redes.
A Locomotiva Grená reagiu e tentou pressionar, mas o Galo demonstrava bom controle da partida e tentava manter uma marcação no campo do adversário. Deu certo: aos 30 minutos, a defesa da Ferroviária deu bobeira na saída de bola na entrada da área e o experiente artilheiro Douglas Richard fez o desarme; a bola sobrou para Marcelinho, que rapidamente passou de volta para Douglas, sozinho, na marca do pênalti. Daquele lugar, na saída do goleiro, ele não errava; e não errou, fechando o placar em 0 x 2.
A festa jauense tomou conta do Fonte Luminosa (hoje Arena da Fonte) e contrastava com o silêncio araraquarense. Ao final, jogadores, comissão técnica e direção do Galo se reuniram ajoelhados no centro do gramado e proporcionaram uma imagem emblemática.
Naquele dia, o XV entrou em campo com: Dida; Rafael, Cleber, Amarildo e Dudu; Wellington Costa, Leandro, Dê e Anderson; Paulinho e Douglas Richard. O técnico era Doriva Bueno. Foi a última vez em que o torcedor do XV sorriu de verdade. Volta, XV. Canta alto, Galo da Comarca! O DDJ agradece a todos os que construíram as mais belas páginas de nossa história.