A utilização de um “tratamento precoce” contra a Covid-19 voltou a ser alvo de comentários na última sessão da Câmara Municipal de Jaú. Alguns medicamentos, já rejeitados até mesmo pela indústria farmacêutica, tiveram o uso defendido por pelo menos dois vereadores – um deles, José Aparecido Segura, tem carreira como médico na Santa Casa.
“Isso tem dado certo em vários lugares do mundo. Cada vez nós temos mais médicos e mais pessoas usando o tratamento precoce com azitromicina, hidroxicloroquina e corticoides. Muitas pessoas usando o profilático com ivermectina”, afirmou Dr Segura.
Em outubro, a Organização Mundial de Saúde descartou a eficácia da cloroquina para pacientes com Covid-19. Um estudo com 11 mil pessoas, em 30 países, indicou “pouco ou nenhum efeito” sobre a mortalidade. Nesta semana, quatro das seis indústrias que produzem o medicamento no Brasil se posicionaram de forma contrária a esse uso.
Com relação à Ivermectina, a companhia Merck Sharp and Dohme (MSD), também já havia se manifestado em fevereiro. O laboratório, que fabrica o vermífugo no Brasil, emitiu nota à imprensa dizendo que a análise realizada até agora não identificou “base científica para um efeito terapêutico potencial contra Covid-19”. Além disso, não há “evidência significativa para atividade clínica ou eficácia clínica em pacientes com Covid-19”.
Mesmo com as ressalvas oficiais, o vereador Leandro Passos também defendeu o uso desse tipo de protocolo. “É uma insanidade ir contra isso aí (…) Quem defende o tratamento precoce não está defendendo o Governo Federal. É diferente. A gente está falando de vidas e sobre a possibilidade de salvar vidas”.
“Queimando a cidade”
Já Tito Coló Neto, vereador pelo quinto mandato consecutivo, preferiu questionar a veracidade dos dados referentes à pandemia. Apontando um texto atribuído a um médico, especulou sobre outras comorbidades que podem ter influenciado na morte de pacientes. “Quantas pessoas morreram de AVC esse mês? Quantas morreram de acidente? Nós não podemos simplesmente cair que tudo agora é Covid. Já queimamos muito a nossa cidade falando sobre isso”.