A sessão da Câmara Municipal de Jaú foi encerrada de forma abrupta, nesta segunda-feira (24/05), quando sete vereadores ainda não haviam feito uso da palavra. O presidente João Brandão ouviu críticas vindas de dois colegas e decidiu decretar o fim dos trabalhos, sem fazer qualquer comentário a respeito.
Essa prática já foi muito utilizada por antigos presidentes do legislativo, sobretudo quando esperavam enxurradas de críticas contra a administração municipal ou eram abordados temas polêmicos. Antes que alguém se manifestasse para se pronunciar na Palavra Livre, era decretado o encerramento.
Dessa vez, como o encontro era virtual, os interessados em falar deveriam clicar em uma área indicada. Como ninguém o fez em tempo, Brandão anunciou o fim da sessão. Ainda poderiam falar os seguintes vereadores: Rodrigo de Paula, Maurílio Moretti, José Carlos Borgo, Jefferson Vieira, Chico Quevedo, Marco Brasil e o próprio presidente – ao menos cinco deles, declaradamente de situação. Até por isso, a atitude causou surpresa entre os colegas.
Mateus Turini
Em um dos discursos mais inflamados desde o início do mandato, Mateus Turini defendeu a transparência sobre a lista de vacinados e criticou uma postura de João Brandão durante a sessão da semana passada. “Achei muito infeliz sua fala na semana passada, quando o senhor ponderou: ‘o que vocês querem com a lista’? Como se a gente estivesse caçando pelo em ovo. Como se a gente não tivesse a seriedade de cumprir com a nossa responsabilidade de fiscais”, desabafou.
Luizinho Andretto
Quando encerrou a sessão, João Brandão se demonstrou cabisbaixo e claramente contrariado. Nos bastidores, foi questionado por colegas sobre a decisão, mas preferiu não comentar. O último a se pronunciar na Palavra Livre durante a sessão, Luizinho Andretto também havia feito críticas aos posicionamentos do presidente.
“O senhor colocou um achismo sobre o nosso voto na isenção para a Paraty (empresa de ônibus). O senhor falou que a gente teve a chance de mudar, mas estávamos votando contra. Não entendi o que o senhor quis dizer. Respeito muito, não vou interferir em nenhum voto do senhor, mas a gente quer um pouco de respeito aos nossos votos e não ficar tentando induzir o pessoal ao achismo”.
Teatro?
Na sessão anterior, Brandão sugeriu que Turini e Andretto teriam votado a favor da isenção tributária para a Viação Paraty, responsável pelo transporte coletivo na cidade, porque seriam votos vencidos. Também criticou a insistência do grupo, que ao lado de José Carlos Borgo, insiste em buscar transparência para a vacinação contra a Covid-19. Ao final dos trabalhos, disparou: “Vocês falam tanto de teatro. Daqui a pouco o teatro vai ser aqui na Câmara”.