A vocação econômica de Jaú se tornou motivo de discussões nos últimos anos, porém, sem uma conclusão clara. A cidade que já foi destaque no interior paulista amarga profundo desemprego, quebra sistemática de empresas na última década e orçamento reduzido na Prefeitura. Na série especial de reportagens, em comemoração aos 168 anos de Jaú, o DDJ discute os caminhos para a economia local.
Agricultura e indústria fortes
No início do século XX, Jaú se tornou um dos municípios mais ricos do Brasil, por causa da produção de café. Em 1909, a cidade chegou a ser a que mais embarcava o grão para exportação em todo o mundo. Nesse período, por causa da circulação de recursos que vinham da agricultura, se formaram fortes setores comercial e de serviços. Este último girava em torno das propriedades produtoras de café. A crise de 29, contudo, colocou um fim a esse apogeu da cafeicultura, que nunca mais se consolidou.
Nessa mesma época, a cana-de-açúcar passou a ocupar o espaço do café, não com a mesma riqueza proporcionada antes, mas criando milhares de empregos e mantendo a economia da cidade, o comércio e o setor de serviços. Ao longo das décadas, destilarias e usinas se instalaram em toda a região, mas passaram a sofrer constantes crises nos anos 90.
Paralelamente aos canaviais, as atenções também se concentravam na indústria têxtil, com o crescimento da Companhia Jauense Industrial, fundada em 1948. A empresa chegou a ser considerada uma das maiores produtoras de tecidos do Brasil, além de ser referência em tecnologia na área. Milhares de jauenses trabalharam no local, que teve as atividades oficialmente encerradas em maio de 2005.
Mesmo assim, o setor industrial ainda apresentava força, com o avanço da produção de calçados. A tradição surgiu na década de 50, de forma tímida, mas 40 anos depois se tornou a principal geradora de mão-de-obra e pagadora de salários no município. Os valores pagos não eram vultosos, mas constantes, o que deu uma sobrevida à economia de Jaú, mais uma vez.

Chegam os anos 2000, globalização em franco desenvolvimento, concorrentes internacionais dos calçados da cidade e duas crises financeiras de nível mundial, em 2008 e 2012. A soma dessas crises fez o setor de calçados recuar a cerca de 50% do que havia sido até os anos 90. Em apenas quatro anos, entre as duas crises, o número de empregos diretos nas fábricas caiu de aproximadamente 15 mil para pouco mais de 8 mil, e o número de fábricas, pequenas, médias e grandes, que era de quase 400 unidades, baixou para menos de 200.
As baixas no setor deixaram a cidade sem norte: para onde seguir agora? Os calçados ainda conseguem se recuperar? O comércio e a prestação de serviços nos sustentarão? Dúvidas e respostas nas próximas reportagens da série.