A lista de vacinados contra a Covid-19, em Jaú, enfim, foi divulgada pela Prefeitura nesta segunda-feira (11/05), mas com atraso de quase três semanas e vários erros já observados. A lei que determina transparência dessas informações foi aprovada pela Câmara Municipal no final de março e publicada no Jornal Oficial dia 22 de abril, portanto, deveria estar sendo cumprida desde então.
A legislação obriga o executivo a divulgar, por exemplo, o CPF de todos os vacinados, com ocultação dos cinco primeiros dígitos, para não expor dados pessoais. Em uma primeira análise da lista, é possível notar que isso não ocorre. A falha possibilita erros de interpretação: grupos de Whatsapp chegaram a acusar um vereador de ser “fura-fila”; algumas horas depois, surgiu a informação de que se tratava de um homônimo (pessoa de mesmo nome).
“Existem enormes falhas”, afirma o autor da lei, vereador José Carlos Borgo. Para ele, o município se viu pressionado a fazer a publicação, que “não está dentro do que a lei exige”. Com base na lei, também é necessário indicar a fase do plano de vacinação em que a dose foi aplicada, mas isso não ocorreu.
O texto ainda determina a divulgação da função exercida pelos vacinados, para que seja possível saber se foi imunizado no momento correto, conforme o plano de vacinação, ou não. Contudo, há inconsistências como “profissionais da educação física” configurados como “profissionais da saúde”.
Erros na lista
O local da vacinação também não é fiel à realidade, uma vez que os pontos de drive-thru não foram relacionados. Alguns moradores de Jaú, que foram vacinados nesse sistema, oficialmente acabaram listados em postos de saúde, de maneira aleatória. “Eu me vacinei no Flávio de Mello, mas aparece que foi na unidade no Santo Onofre. Algo está errado nisso tudo”, afirma uma idosa, que pede para não ser identificada. “Passa a impressão de que a Prefeitura não tinha as informações e saiu chutando, atribuindo nomes, funções e locais de vacinação”, desabafa um profissional da saúde.
O principal objetivo da lista é descobrir se houve casos de “fura-fila”, ou seja, gente que foi imunizada sem seguir a ordem determinada pelo plano de imunização. Porém, essa leitura fica prejudicada, já que há casos de profissionais da saúde cadastrados como idosos, e vice-versa. Se não bastasse, há relatos de pessoas que foram configuradas como moradoras de abrigos de idosos, sem que seja verdade. Além disso, o nome do imunizante aplicado (CoronaVac ou Oxford AstraZeneca) também apresenta incoerências.
Mal-estar na Prefeitura
A lei provocou reações dentro da Prefeitura, já que o prefeito Ivan Cassaro se recusou a sancionar ou vetar o texto aprovado por unanimidade pelo legislativo. A promulgação, portanto, coube ao presidente da Câmara, João Brandão do Amaral. Nos bastidores do executivo, é reconhecido o descontentamento com a iniciativa. A medida, cumprida parcialmente e com erros evidentes, deve ser questionada formalmente por vereadores.
A lista completa pode ser vista no site oficial da Prefeitura, dentro da sessão Secretaria da Saúde. Acesse o link:
https://jau.sp.gov.br/uploads/downloads/lista_vacinados_covid.pdf