A polêmica sobre as cirurgias eletivas (consideradas não emergenciais), em Jaú, voltou à discussão política nos últimos dias. A Prefeitura admitiu que possui mais de R$2 milhões destinados para os procedimentos, que estão praticamente parados à espera de uma nova licitação. Enquanto isso, cerca de 1,3 mil pessoas aguardam pelas cirurgias. Além disso, os vereadores Luizinho Andretto e Fábio Souza denunciam erros na lista de espera.
A Prefeitura havia firmado convênio com a Santa Casa no ano passado, para investir R$1 milhão nessas cirurgias, já que os hospitais estaduais não estavam conseguindo atender toda a demanda. Contudo, a chegada da pandemia interrompeu as eletivas, que foram retomadas apenas em junho desse ano. Até agosto, segundo o município, apenas 44 haviam sido realizadas.
São cirurgias como catarata, retirada de vesícula, hemorroidas, dentre outras. Para os pacientes, a espera é dolorosa, pois pode ultrapassar anos de expectativa e sofrimento. De acordo com a secretária municipal de Saúde, Ana Paula Rodrigues, ainda restam R$500 mil desse convênio anterior.
Agora, a verba está sendo somada a uma emenda impositiva ao orçamento de 2018, no valor de R$1 milhão. A justiça determinou que o executivo empregue o dinheiro nos procedimentos. O valor, corrigido, já chega a R$1 milhão e 400 mil.
Dessa forma, o total disponível nessa área supera os R$2 milhões. A responsável pela pasta alega que está em conversas com o setor jurídico da Prefeitura para fazer uma licitação, com todos os recursos somados, e assim acelerar o trabalho. Contudo, nenhum prazo foi fornecido.
Fila trocada?
Se não bastasse, pacientes sofrem com a desorganização da fila de espera. “Eu recebi uma denúncia de uma pessoa que estava na fila aguardando cirurgia de hemorroida. A gente foi consultar, pelo número do cartão do SUS, e encontramos a pessoa na fila de fimose, uma cirurgia pediátrica”, protesta o vereador Luizinho Andretto.
Em parceria com o também vereador Fábio Souza, um requerimento foi apresentado na Câmara Municipal, cobrando explicações do município. Os parlamentares buscam informações sobre quantas pessoas exatamente estão na fila (os números apresentados na reportagem foram extraídos de listas divulgadas no site da Prefeitura, mas que pode conter distorções), quantos já foram operados e se houve atendimentos prioritários. “Tem que ter transparência na ordem da fila, pra evitar que façam politicagem em cima dessa lista”, finaliza Souza.